25 de fev. de 2007

Manchas Vermelhas.

As pessoas olham enojadas, desconfiadas, fingem não olhar mas eu sinto os olhares.

Em fazendo os exames, a clínica perplexou-se toda ao notar a arte neo-pontilhista na qual se tornou meu corpo. Deveria ter me levantado e apresentado minha doença (ou ao menos as desconfianças) a todos, quiçá assim poderiam livrar-me dos olhares perscrutadores, dos cochichos... do assombro de ter me tornado objeto de horror e asco, de temor e repulsa, afinal, meus sintomas estavam às vistas de todos, diferentemente dos deles, que deveriam estar doentes também, a menos que fizessem acompanhamento do 'status sanguíneo', nunca se sabe...

Em todo caso, se nossos sintomas não estão expostos, somos todos normais, não? Percorro o saguão com os olhos, e ao passo em que olho seus olhares se dissipam... como se a real indiferença do mundo para com a minha existência, que por segundos fora abandonada, retornasse triunfante sobre minha pele em polvorosa, empolada, rósea. Nem me atrevi a ceder às coceiras, pois senão estaria concedendo-lhes um aumento inoportuno do prazer de poder comentar mais isso.

Incrivelmente as pessoas que não estavam na clínica, desde o balconista da padaria até as pessoas no ônibus, no transporte público, foram mais discretas ou simplesmente não se preocuparam em observar. As pessoas doentes parecem sempre interessadas em buscar doenças piores que as delas, talvez para se conformar com suas debilidades momentâneas, talvez para se orgulhar de não estar 'naquele estado'. E muitos por vezes apresentam aquele interesse ilusório, falsos olhares de comiseração... Espero que a transmissibilidade de minha doença naquele momento tenha se reforçado, assim todos dentro de dias saberão como é ao mesmo tempo constrangedor e enriquecedor (por oposição) ser notado não como ser humano, mas como objeto. Objeto de 'temor', objeto de pena... ou de um simples interesse científico-bisbilhoteiro...


Com certeza essas manchas vermelhas me ensinaram alguma coisa...
Realmente importam os olhares daqueles olhos... olhos não se preocupam com a transmissibilidade (possível) da doença, olhares enternecedores e suavizantes... Os olhos dos olhares mais amáveis, dos olhares mais amados.

(Quando souber o que tenho estarei curado. Obterei os resultados dentro de 5, 7 dias. Até lá não haverão manchas ou dores ou coceiras... Espero.)

19 de fev. de 2007

Josélia Pegorin não sabe mais nada. Os Homens-do-tempo descubriram que sua profissão já não consegue mais "prever" o tempo. Talvez até por isso Narcísio Vernize tenha morrido... Desgosto pelo declínio de sua profissão. O Aquecimento Global é assunto e causa frisson, desde as rádios até os vídeos, desde poltronas no Senado até as Arquibancadas do Sambódromo. Todos dizem 'salvem o mundo', todos gritam 'tenhamos paz', todos pedem 'que se faça a estabilidade'... Cada um pede por sí, para os outros. Apenas os outros devem agir. Cientistas devem agir. Governantes devem agir... E nós?! Nós assistiremos seus discursos e criticaremos seus projetos até refestelarmo-nos com suas derrotas...

Mas serão derrotas deles... Ou nossas?

Anarco-Capitalismo...

Sim, anarco-capitalismo! Vejam que divertido, a subversão do Anarquismo e um excentricismo Liberal. Adoro Excentricismos, acho que me filiarei a esse grupo... (duvido que tenha coragem de estar na FFLCH e dizer "Sou Anarco-Capitalista", mas, em todo caso...)

A Teoria Anarco-Capitalista sempre esteve à margem do Capitalismo, o Anarco-capitalismo é uma versão radical do liberalismo clássico, considerando que todas as formas de governo, para aqueles, são prejudiciais e desnecessárias, incluindo as relacionadas à justiça e à segurança.

Em assuntos econômicos, o anarco-capitalismo defende o capitalismo como a forma de organização mais eficiente e rejeita qualquer tipo de controle governamental, impostos ou regulamentos. Considera que a segurança e a justiça são serviços como quaisquer outros, e que um mercado competitivo pode fornecer esses serviços muito melhor do que um governo monopolista.

O Anarco-Capitalismo é portanto uma forma de anarquismo, mas é radicalmente diferente da forma de anarquismo conhecida por socialismo libertário. Os anarco-capitalistas e os socialistas libertários estão de acordo num ponto: Nem um grupo nem outro defende a desordem ou o caos (anomia).

O anarco-capitalismo é por vezes designado por anarquismo da propriedade privada, anarquismo do mercado livre ou anarco-liberalismo.

O anarco-capitalismo é uma variedade do liberalismo e, portanto, nada tem a ver com qualquer forma de anarquismo libertário. O anarco-capitalismo é uma versão anarquista do liberalismo e não uma versão capitalista do anarquismo. Os anrco-capitalistas consideram os liberais não anarquistas como amigos que cometem o erro menor (mas significativo) de aceitar uma forma de governo, mas consideram os anarquistas de esquerda como perigosos coletivistas com os quais têm muito poucas coisas em comum.

1 de fev. de 2007

Estrela

Bem, dedico a postagem de hoje especialmente à estrela de minha vida... após noites e noites de labuta... Ficou não exatamente bom, mas apresentável... obviamente é menos do que uma estrelinha do universo que tenho a escrever ainda para você...

***

Ó bela amante dos quelônios,
Cintilante musa estelar,
Dentre astros e corpos superpõe-se,
Tendes o cosmo aos seus pés.

Cientista de vária estima,
com suas línguas, psiques e fones,
Fulguras, pois, celebremente,
Desde minha aurora até o sol-poente.

Acalenta, fascinante estrela
Os olhares que teus raios buscam.
Resplandece em minh'alma encantada,
Enternece minha alvorada.

Meu bom sinal, minha pequena,
Temperamento ímpar, alma serena.
Olhares doces, gestos zelosos,
Toques suaves, abraços sedosos,

Bailarina celeste, de esmeros soberana,
Prometida delicada. consorte ideal.
Companhia dedicada. Estro formoso.

Essa estrela, agora e adiante,
Ela, a estrela mais radiante,
Com seu brilho, suave, incessante,
Burilada por anjos amantes...

Será sempre minha vida, e destarte,
Num sussurro, prometo sempre amar-te,
Protegendo nosso amor num baluarte,
Um amor que não se perde, rompe ou parte.

***

Eu ia falar sobre o crescente descontentamento da Terra com seus habitantes, sobre o Relatório do Comitê Climático da União Européia... Sobre o aquecimento global, derretimento das geleiras, sobre efeito estufa, loucuras climáticas... Mas não tive alternativa... Precisava escrever sobre minha estrela, carinho, sobre meu docinho... Mas está meio estranho, melhorá-lo-ei, pois me parece que os enjambements não operam em toda sua força, no que objetivava ao escrever... Merecerá reedições a posteriori.